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A inteligência e os meios informáticos

Atualizado: 26 de mai. de 2020

Recentemente frequentei, em São Paulo, uma Conferência de Inteligência Competitiva. Fiz bons contatos e pude atualizar as minhas ideias.



Constatei que pouco se faz de Inteligência na acepção da palavra e que ainda é possível oferecer muito utilizando os meios tradicionais. Ou seja, quase não se faz nada do trabalho do Analista de Inteligência, que estão agora denominando de Data Science. Este, segundo foi dito, necessita ter conhecimento de Estatística, Informática, Mercado e Análise. Conforme um palestrante é difícil de ser encontrado no mundo, principalmente no Brasil. Aliás, cada vez mais estão sendo usadas palavras em inglês para definir as nossas expressões.


No nosso País a Inteligência possui muita adjetivação. Para tudo é colocado o nome Inteligência e ainda existem pessoas que a praticam e conhecem pouco ou nada da doutrina básica, já aprovada há anos. Infelizmente, é uma realidade. No evento, vi que determinada empresa usou os termos Inteligência de Mercado e Comercial. Essa diversificação, juntando a outras tantas que já criaram, só confunde.

De produtivo, a empresa acima utiliza um criativo sistema de coleta de dados que, embora corra riscos de comprometer a marca, funciona para a sua demanda. Também, possui um bom sistema de movimentação de dados e informações entre a matriz e as filiais.

A ideia principal ainda é formar o profissional de Inteligência. Ele atuará em qualquer tipo de empresa. Depois, poderá ter ou aprender os outros requisitos elencados no parágrafo anterior. Caso contrário, pode também buscar a ajuda de outras pessoas, especialistas, como se faz normalmente.


Business Intelligence (BI) e Big Data (ainda fora da nossa realidade) são ferramentas que dão velocidade para a entrega de uma informação (integração de dados dentro de um contexto). Também, servem para coletar e selecionar grande volume de dados operacionais e históricos. É claro que a Inteligência trabalha com dado de qualquer nível, seja operacional, tático ou estratégico.

Porém, para conhecimentos de Inteligência nos níveis tático e estratégico, há a necessidade de um analista que utiliza uma metodologia cientifica para tal.

Bem, tais soluções tecnológicas, BI e Big Data, são para empresas que possuem e podem disponibilizar uma boa quantidade de recursos financeiros, pois além de software e hardware é necessário atualizar o banco de dados e realizar treinamentos com o pessoal.


O que constatei é que a maioria das empresas procura soluções internas mesmo e, com a ajuda da área de Tecnologia da Informação, estruturam um programa, que buscam customizar, ou seja, adequá-lo com o gosto ou a necessidade dos seus usuários. Mas só isso não é Inteligência. Tais programas são um tipo de Excel. Porém, tanto o BI como o Big Data e os tais programas dependem da veracidade e da atualização dos dados coletados para gerarem informativos (que não são trabalhos de Inteligência), dashboards (que são gráficos e números, no máximo uma Informação) etc.


O que está acontecendo é uma distorção da doutrina de Inteligência, onde quem gera os tais trabalhos não possui responsabilidade pelos dados utilizados. Aliás, misturam o conceito de dados, informações e conhecimentos. Assim, a responsabilidade do trabalho é da área que forneceu os dados. É um arranjo. Será que vale a pena o custo-benefício para a empresa?


A empresa deve possuir, provavelmente, muitos dados armazenados e são relativamente recentes os meios informáticos utilizados. Imagine o trabalho, que se faz necessário, de atualizar o banco de dados. Então, se é para isso, não há necessidade de uma função de Inteligência. Cada área faz o seu trabalho, caso contrário é perda de tempo. Então, o que pareceu foi que algumas empresas querem respostas rápidas, nível operacional ou no máximo, tático. Porém, como já disse anteriormente, somente recebem uma integração de dados dentro de um contexto, normalmente, na forma de gráficos.


Na Conferência foi apresentado um programa em desenvolvimento que pretende apresentar soluções para problemas. Acredito que isso não será totalmente válido. Cada caso é diferente um do outro, porque são atores e eventos distintos impactando na situação e na trajetória de evolução de um fato ou situação. Não são levadas em consideração as variações do macro e do microambiente que influenciam o mercado. Tudo muda e nada é exatamente igual ao que passou.


Inteligência é, principalmente, estratégico. É o que vai nortear o como fazer para atingir os objetivos de médio e longo prazo. Então, não é um gerenciamento de dados, um divulgador de notícias e um montador de gráficos, neste caso, o que o Excel faz muito bem. Um conhecimento de inteligência necessita de uma análise muito mais aprimorada. É isso que proporciona a metodologia tradicional.


Com isso, tais ensinamentos tradicionais, que formam o profissional de Inteligência, ainda são de muita importância e valia para a maioria das pessoas que estão trabalhando na área. Mostram o que e como fazer. É claro que os recursos tecnológicos são uma excelente ajuda na fase da coleta de dados e de informações, segunda fase do processo de produção do conhecimento. Ou seja, é bom para quem tem e sabe usar, mas não é o fundamental.

 
 
 

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