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Washinton Platt e a Doutrina de Inteligência

  • fjfmed
  • 22 de dez. de 2020
  • 3 min de leitura

Costumo dizer que a Atividade de Inteligência é aplicada há milénios, desde o início da presença dos seres vivos na Terra. Tal opinião encontra argumentos na observação das ações executadas por homens e animais (lobos, orcas etc.) com a finalidade de atenderem algumas necessidades básicas como alimentação, defesa e socialização. Isso, quanto aos humanos, caracteriza-se ainda mais nos dias atuais, por indispensáveis decisões rápidas e eficientes.

A aplicação da Inteligência foi sendo aprendida e aperfeiçoada ao longo dos conflitos na História, tendo um grande impulso em experiência por ocasião da Segunda Guerra Mundial e Guerra Fria, onde destacaram-se dois analistas chamados Sherman Kent e Washington Platt.

Kent definiu qual o entendimento da palavra Inteligência no sentido de organização (agência), processo (produção do conhecimento) e produto. Platt, baseado nas obras de Kent, particularmente, “Strategic Intelligence for American World Policy”, publicou ensinamentos com o objetivo de apresentar conceitos para os profissionais da área e de ser o fator desencadeador da formulação de uma doutrina básica.

Assim, Washington Platt escreveu o livro “Strategic Intelligence Prodution”, publicado em 1957 nos Estados Unidos, primeira versão, e em 1962, a segunda. Esta última, utilizada para a tradução feita pela Biblioteca do Exército Editora (BIBLIEx), em 1974. Na interpretação do texto para o português, a palavra INTELLIGENCE ficou como INFORMAÇÕES, também utilizada em outros países de língua portuguesa e, consequentemente, o título passou a ser “A Produção de Informações Estratégicas”.

A partir da década de 90, o termo INTELLIGENCE foi esclarecido como INTELIGÊNCIA no Brasil e na grande maioria dos países, uniformizando assim, praticamente em todas as línguas. Destaco aqui, que isso ainda causa uma certa confusão de entendimento nas características dos processos da Ciência da Informação (acadêmica) e da Doutrina de Inteligência (atividade especializada). O entendimento de ambas agrega grande valor ao produto desejado.

Na área acadêmica, INFORMAÇÕES são a ordenação e organização de dados de forma a ser obtido um significado dentro de um determinado contexto, bem como CONHECIMENTO é a informação processada, interpretada, transformada em um aprendizado (experiência) para todos que dele desejarem consultar. Tudo muito importante para o desenvolvimento de pesquisas e estudos. Aqui, o tempo será o que for necessário para a conclusão do processo.

Na Atividade de Inteligência, INFORMAÇÃO é um tipo de produto, fruto de uma metodologia científica, que teve início com Platt. CONHECIMENTOS são todos os produtos de Inteligência.

Na verdade, conforme constatamos na obra de Platt, as duas áreas possuem o mesmo DNA, tendo a Doutrina de Inteligência iniciada da mesma essência e orientação das Ciências Acadêmicas, tendo como base o processo de coleta e seleção de dados, pesquisa, interpretação, formulação e teste de hipóteses, conclusão e apresentação do trabalho.

Porém, a Doutrina de Inteligência apresenta em seus princípios a necessidade de atender a uma situação específica, respondendo ao “e daí?”, como destacado pelo Platt, ou seja, como tal problema afetará os interesses de um determinado leitor que encomendou o conhecimento e, ainda, obedecer, rigorosamente, a um prazo limitado pela oportunidade de sua aplicação no respectivo processo decisório.

Platt apresenta em seu livro uma série de passos e orientações de como produzir um conhecimento de Inteligência Estratégica, tornando-se uma doutrina inicial. Na verdade, tais ensinamentos servem para os níveis estratégico, tático e operacional, bem como para qualquer finalidade particular, quer seja direcionada para o Estado, meio militar, mercado, empreendedorismo, jurídico, científico etc.

Assim como Washington Platt desejava, a Doutrina de Inteligência vem sendo, através dos tempos, cada vez mais aperfeiçoada e unificada, com definições atualizadas para evitar mal-entendidos, como consta no segundo dos nove princípios de Inteligência elencados pelo autor.


 
 
 

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